Quando SAP mudou de liderança em 2010, a fabricante de software tinha acabado de passar pelo seu primeiro grande corte de postos de trabalho em 38 anos , os clientes reclamando sobre os aumentos de preços, e os analistas de mercado consideraram que a SAP seria alvo de aquisição. Passado este período, há pouca chance da SAP ser adquirida no cenário atual.
As ações da SAP valorizaram 92% desde que Bill McDermott e Jim Hagemann Snabe assumiram como co-CEO´s a liderança da empresa. A SAP ultrapassou as empresas Siemens e Volkswagen para se tornar a empresa mais valiosa da Alemanha, mesmo a sua receita sendo 10% da Volkswagen e 20% da Siemens. McDermott, de 51 anos, e Snabe, 47, fizeram aquisições importantes em computação em nuvem (cloud computing) e aplicações móveis (mobile solutions), investiram em um banco de dados que analisa uma montanha de dados e números em segundos, e acelerou o desenvolvimento de novos produtos.
Todas estas ações foram fundamentais para aumentar as vendas da SAP, para clientes que vão desde montadoras de veículos, a bancos centrais de países e até a Liga Nacional de Futebol. A SAP "é o lubrificante do motor da economia e empresta seu melhor momento", disse Stephan Thomas, gestor de portfólio da Frankfurt Trust, que administra cerca de US $ 21 bilhões em ativos e aumentou recentemente sua participação na SAP.
Com uma capitalização de mercado de US$ 102 bilhões, a SAP está na 9° posição entre as empresas de tecnologia mais valiosas do mundo e o único europeu no top 10. Um indicador chamado Preço/Lucro, Índice P/L (que é uma medida deavaliação patrimonial,calculada pelo preço da ação dividido pelo lucro anual por ação). A SAP tem o indicador mais alto do top 10, o preço da ação supera em 27 vezes seu lucro anual por ação. Como comparativo, a Google é de 24,5 vezes e a Oracle, seu principal concorrente é de 16,7 vezes, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Dia 14 de março de 2013, a ação da SAP subiu 1,2%, para 64,72 € ás 14:18 em Frankfurt, negociado a seu nível mais alto em 13 anos. Na CeBIT (feira de tecnologia), realizada em Hanover (Alemanha), na semana passada, a SAP fez o dobro de reuniões com clientes, em comparação ao ano anterior, Snabe disse à Bloomberg Television. "Isso é sinal que estamos num ótimo momento", disse ele.
Thomas, gestor de portfólio, adverte que a SAP continua vulnerável a uma economia fraca. Se o crescimento desacelera em mercados-chave, as empresas poderiam reduzir os investimentos em tecnologia, o que reduziria os lucros da SAP. E a empresa deve evitar que seus investidores fiquem receosos com contratempos, como em 2012, quando a receita nas Américas teve uma queda depois de uma restruturação, disse Thomas.
Sem o mercado doméstico apreciado por rivais dos EUA, a SAP tem procurado aumentar suas vendas no exterior, construindo centros de desenvolvimento de software em todo o mundo. Hoje tem centros de desenvolvimento com milhares de programadores em sua sede em Walldorf , próximo a Frankfurt, e em Bangalore, Xangai e Palo Alto, Califórnia. E tem pequenos centros em sete outros países. Escrever software em tantos locais ajudou a SAP de uma forma inesperada. Em Bangalore, a empresa tem recebido cerca de 100.000 solicitações de emprego, sobrecarregando a sua equipe de recursos humanos. Para atender a demanda processando os currículos que recebe, a fabricante desenvolveu um software e agora está comercializando a seus clientes.
Para aumentar a sua agilidade, a SAP criou o um projeto chamado AppHaus. Que envolve a construção de escritório enxutos, equipados com mesas Ikea e pisos de concreto aparente. O objetivo é permitir que os desenvolvedores trabalhem num ambiente mais “clean” , seguindo o estilo de empresas start up´s, para desenvolver programas voltados ao consumidor, parte de um esforço para que até 2015 os programas da SAP estejam nas mãos de 1 bilhão de pessoas.
No AppHaus de Los Altos, Califórnia – existem um pouco mais de meia dúzia de escritórios neste modelo em todo o mundo – chuveiros de US$ 8 adquiridos numa loja de material de construção servem com apoio a quadros-brancos. Programadores puxam suas cadeiras e mesas para criarem grupos de trabalho, de improviso, que trabalham em partes do programa, como um aplicativo para iPhone que alerta os consumidores sobre recall de veículos.
A SAP na década de 90 promoveu uma onda de reengenharia de processos, conduzindo com escritórios de contabilidade que orientassem seus clientes a usarem programas SAP, redesenhando fluxos de trabalho.
Mas, sob o ex-CEOs Henning Kagermann e Apotheker Leo, os softwares baseado na web para atrair empresas de menor porte não decolaram e, durante a crise financeira de 2009, a SAP, pela primeira vez teve que fazer um corte de funcionários.
Com a aquisição da Business Objects em 2007, a SAP se aventurou além de seu “core business”, adicionando ferramentas de análise de dados a seu portfólio. Então, sob McDermott e Snabe, adquiriram a Sybase, para agrupar dispositivos móveis ao seu sistema, assim obtendo uma melhor aderência em bancos de dados, estreitando seus laços com Wall Street.
Para atender os clientes que não querem manter seu próprio equipamento, a SAP adquiriu há um ano um provedor de cloud computing, chamado SuccessFactors. E outubro de 2012, comprou a Ariba, que opera num mercado semelhante ao eBay, para corporações, um mercado que movimenta US$ 400 bilhões em negócios todos os anos. Hoje, a SAP colhe leads a partir de outros mercados de atuação, para assim, encontrar compradores para seu software corporativo.
Mas sua principal arma é caseira. Chama-se HANA, um banco de dados que segundo a SAP é o produto de crescimento mais rápido que a empresa já teve, reduz o tempo necessário para analisar os dados e realizar transações por ordens de magnitude. As Aplicações HANA - principalmente desenvolvida com clientes e startups – Pode executar simulações climáticas para prever as condições do tempo que pilotos de Fórmula 1 terão no dia de grandes prêmios, orientando assim suas equipes de corrida.
O aplicativo pode ajudar também no planejamento de tratamentos de câncer.
A partir de outubro de 2012, a SAP HANA tem ajudado a Liga Nacional de Futebol a reformular a sua oferta e produtos ligados ao futebol, incluindo um painel online para determinar o jogador do ano. E motivado pelo co-CEO McDermott, um apaixonado fã de basquete, a SAP está fornecendo a NBA (National Basketball Association) um software para analisar décadas de estatísticas.
HANA também está começando a ser usado pelos bancos centrais de diversos países para supervisionar seus credores. Segundo a SAP, os 55 bancos centrais clientes podem analisar dados de bancos comerciais para encontrar potenciais riscos e fraquezas em segundos, o que antes era feito debruçado sobre relatórios financeiros para detectar tendências.
O HANA, que começou como uma ferramenta para acelerar a análise de dados, agora também sustenta o principal produto da SAP, o seu ERP (Business Suite), que ainda representa a maior parte de sua receita. Com algumas aplicações rodando mais de 10 vezes mais rápido, a SAP espera que o HANA desloque seus concorrentes no mercado de banco de dados, dominado por Oracle, IBM e Microsoft , um mercado em que há muito tempo tem sido pouco jogado pela SAP.
A SAP teve a sua fundação em 1972, quando cinco funcionários da IBM - incluindo atual presidente Hasso Plattner (foto) – começaram a desenvolver programas para a Imperial Chemical Industries, softwares de folha de pagamento e contabilidade, visando substituir os tradicionais cartões perfurado. Plattner ainda exerce grande influência e está envolvido em todas as grandes decisões, assim como os demais fundadores. Em 2013, o lucro líquido da SAP está projetado para atingir 3,7 bilhões de euros (US$ 4,8 bilhões), mais que o dobro do nível de 2009, enquanto a receita provavelmente atingirá 18 bilhões de euros, duplicado a partir de 2006, segundo dados compilados pela Bloomberg.
"Tornou-se como um polvo", disse Heinz Steffen , analista da Fairesearch GmbH em Kronberg, Alemanha. "Se você está tentando fazer com que seus processos fiquem mais produtivos, será difícil evitar a SAP".
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