A IoT mostra que chegou pra ficar e invade a rotina das empresas e dos consumidores.
A evolução da tecnologia é contínua. Dispositivos que antes eram parte de sonhos futurísticos, agora cabem na palma de nossa mão. E, neste cenário tecnológico em constante desenvolvimento, surge um novo conceito, presente na vida de muitas pessoas, mas que às vezes passa despercebido: a Internet das Coisas.
O termo IoT (Internet of Things) significa nada mais do que a conexão inteligente entre coisas, pessoas, processos e máquinas a fim de possibilitar o funcionamento de sistemas, a tomada de decisões, o embarque de ações pré-programadas e a resolução de problemas sem a intervenção humana.
Embora não conhecidas por este termo, são comuns as soluções de IoT no ambiente doméstico, como por exemplo a possibilidade de controlar a iluminação e o ar condicionado remotamente a partir do smartphone, ou de saber o ritmo de uma caminhada, tempo e distância percorrida por meio de um sensor no tênis que envia as informações ao smartphone e as cruza com os hábitos alimentares.
De maneira geral, é todo equipamento eletrônico que se conecta à internet, emite alguma informação e de fato atua de alguma forma dentro do contexto da internet com determinada finalidade. “Internet das Coisas é um conceito muito mais simples do que nós imaginamos”, comenta Orlando Cintra, vice-presidente Sênior de Inovação e Tecnologia da SAP Brasil.
Para que os dispositivos de IoT atuem efetivamente, entram em cena sensores, SimCards e meios de comunicação para que os dados sejam coletados e transferidos a um sistema de gerenciamento de dispositivos, onde estes serão analisados, cruzados e decisões serão tomadas com base em ações pré-programadas, tudo em tempo real, evitando paradas, perdas e trabalho dispensável.
Mirella Damaso Vieira, IoT Business Development Manager da 2S Inovações Tecnológicas, explica que o conceito já é uma realidade. “Já podemos enxergar suas aplicações em nosso dia a dia devido, principalmente, aos avanços que tivemos em quatro frentes: os sensores, os meios para a comunicação, a computação em nuvem e as ferramentas de analytics”, explica.
Ao contrário do que se imagina, o termo IoT não é recente: surgiu em 1999 com Kevin Ashton, co-fundador do Auto-ID Center do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Porém, as aplicações do conceito só começaram a aparecer com mais força recentemente, quando a internet se popularizou e os padrões e protocolos se difundiram, simplificando as conexões.
Os números impressionam: de acordo com dados do “IoT World Forum” – realizado em dezembro do ano passado, em Dubai – em 2015, foram 55 bilhões de sensores colocados no mercado e 18 milhões de conexões de IoT; a receita gerada com tais soluções foi de US$ 780 bilhões de dólares; e o número de startups do segmento foi de 127 em 2013, para 1.502 em 2015.
Os dispositivos conectados à rede estão indo além e hoje já começam a aparecer soluções com o propósito de melhorar o bem-estar das pessoas na sociedade como um todo. Em cidades conectadas, por exemplo, os semáforos e iluminação inteligentes se interligam a ônibus, ambulâncias e viaturas policiais, para agilizar e melhorar o atendimento à população. “Além de prover informações às prefeituras e reduzir custos operacionais e de perdas”, explica Vieira.
O setor da saúde também se beneficia e a evolução está tanto nos hospitais como no homecare, em soluções para assistir o paciente remotamente, obtendo informações de pressão arterial e temperatura corporal, além de alertá-lo do horário de medicamentos, tudo por meio de wearables – dispositivos vestíveis conectados à rede.
“Não sabemos como vai ser daqui para frente. Nós temos uma ideia clara de tendências, mas o futuro não é completamente claro. Eu diria que estamos num estágio de adoção desta tecnologia, tanto como pessoas, quanto como profissionais, e daqui para frente ela tende a crescer exponencialmente”, afirma Cintra, da SAP.
Vieira, da 2S Inovações Tecnológicas, acredita que IoT é mais que um modelo de tecnologia, é uma revolução na forma como esta é aplicada. “Com seus protocolos de comunicação, sensores e soluções em constante desenvolvimento e adequação às necessidades do mercado, do ambiente e das regulamentações, enxergamos uma viagem sem volta ao mundo das coisas conectadas. A IoT vem transformando a maneira como as companhias trabalham, trazendo mais interatividade, predição, controle e informação, e isso não é passageiro”, completa.
SEGURANÇA DOS DADOS
Foto: Shutterstock
Para que dispositivos e internet “conversem”, analisando as preferências do usuário, é necessário que este permita o acesso a seus dados. Uma vez permitido, é necessário que exista total segurança no processo, para que tais informações não sofram ataques e a privacidade de quem utiliza os devices de IoT não seja violada.
A segurança, para Cintra, é um aspecto extremamente importante. “Em um carro inteligente, por exemplo, que pode definir rotas através de seus usuários e conduz a direção de maneira independente; imagina se alguém assume o controle desse veículo, além de você, e o comanda? Tudo isso é controlado por alguém, e esse alguém é um ser humano, por mais que hoje nós coloquemos inteligência na máquina”, pondera. Para ele, os problemas neste aspecto vão continuar existindo, como existem hoje no mundo real e é importante que todos façam uma prevenção.
Já para Vieira, as questões de segurança digital podem e devem ser tratadas com uma arquitetura de segurança. “Isso envolve equipamentos, softwares e serviços na nuvem para garantir que todos os sensores e dispositivos façam parte de uma grande rede segura”, afirma, acrescentando que a privacidade dos dados deve ser tratada com leis e acordos de condutas e responsabilidades.
COMPRAS A UM CLICK
Foto/Divulgação: MasterCard
Uma recente parceria entre a Samsung e a MasterCard aposta no campo da Internet das Coisas com o lançamento do Family Hub Refrigerator. A linha de refrigeradores inteligentes oferece aos usuários inúmeras funções e expande o conceito do eletrodoméstico tradicional: funciona como centro de entretenimento e gerenciamento inteligente dos alimentos.
O produto conta com recursos inteligentes, controles, aplicativos e disponibiliza duas câmeras para acompanhar o uso dos alimentos. A tela de alta resolução de 21,5 polegadas é o centro de comando digital do usuário. Além disso, é possível publicar e atualizar calendários, fotos e recados, bem como usufruir das opções de streaming de música para tocar em seu alto-falante e televisão embutidos.
O refrigerador será lançado inicialmente nos Estados Unidos ainda este ano e vai ao mercado em parceria com a FreshDirect e com a ShopRite, dois grandes players varejistas da costa nordeste americana.
Gabriel Farias, diretor de Planejamento e Inovação para a Samsung na América Latina, avalia que a companhia sempre trabalha para oferecer produtos que transformem a rotina das pessoas e afirma que a Internet das Coisas é um importante diferencial. “O nosso DNA sempre foi desenvolver produtos que se conectam entre si e a expansão foi aumentando com o decorrer dos anos. Até 2020, todo o portfólio da Samsung será conectado à IoT, acelerando ainda mais a expansão destes dispositivos disponíveis no mercado”, afirma.
No âmbito da segurança dos dados, Marcelo Theodoro, diretor senior e head de Produtos Digitais da MasterCard Brasil e Cone Sul, explica que dois aspectos são muito importantes: o processo de compra e a transação. Embora qualquer membro da família possa colocar produtos no carrinho, somente quem tem o código de acesso consegue efetivar a compra. “Temos a preocupação do ponto de vista do usuário. Evita, por exemplo, que uma criança por descuido vá lá e faça uma compra que não deveria ser realmente feita”, exemplifica.
Do lado da transação, deve ser uma operação tradicional com todos os aspectos de segurança que já acompanham esse processo normalmente. O diretor conta que em breve o processo será reforçado com a implantação de um token (dispositivo eletrônico gerador de senhas). “Além de ser uma transação com código de acesso, que corre pelos trilhos normais de uma operação com cartão de crédito ou débito, também vai contar com a tokenização, e essa transação se torna altamente e ainda mais segura do que a que a gente já conhece”, finaliza.
GESTÃO DA CONECTIVIDADE
Foto: Shutterstock
No intermédio entre os devices e a rede, a Ericsson também abarca no segmento de IoT. “O que nós fazemos é a tecnologia que conecta, que faz a gestão das várias tecnologias que estão conectadas”, diz Jesper Rhode, diretor de marketing da Ericsson na América Latina. A companhia oferece o Smart Grid, um sistema de rede inteligente.
De acordo com o diretor de marketing, os dispositivos móveis, como carros, geladeiras ou outros ainda, necessitam de uma conexão e, neste caso, a rede móvel precisa de uma plataforma que faz gestão e organiza todas essas conexões, além de prover os recursos de rede. “A gestão engloba todas as funcionalidades básicas de aplicativos, e eu não falo somente dos aplicativos dos smartphones, mas também de redes de energia inteligente que podem, por exemplo, fazer a gestão do fornecimento de energia”, explica.
Para Rhode, empresas de todos os setores no mundo vão de alguma maneira utilizar a Internet das Coisas em algum momento e muitas vezes a conectividade já vai estar embutida nos produtos. “Não é que o produto vá ser vendido como ‘algo com conectividade’. Simplesmente a facilitação do produto em si é o que vai ser o grande valor. Não contamos quantos motores elétricos tem dentro dos nossos equipamentos, e os dispositivos conectados no futuro também serão assim: vão simplesmente ser elementos dentro dos nossos carros, casas, nas máquinas que a gente usa”, exemplifica.
Foto: Divulgação/Ford
Os carros conectados estão tomando as ruas do mundo todo e a montadora Ford também aposta no segmento. No Brasil, a tecnologia SYNC está disponível em toda a linha da marca. “O sistema integra desde o veículo de entrada, o Ford Ka, até os veículos mais sofisticados, como EcoSport, Focus, Edge, Fusion e Ranger”, explica David Borges, supervisor da área de Soluções de Conectividade para a Ford América do Sul.
O SYNC é um sistema multimídia que agrega diversas interfaces. São elas: CD, USB e conexão pronta para IPod, Bluetooth, AM/FM, Line In, SD Card, tela touch screen com navegação embarcada e mais de 10.000 comandos de voz disponíveis. Além disso, conta com interface com sistemas do veículo como: ar condicionado, volume de combustível, etc. Tal sistema multimídia dos carros da Ford oferecem duas funcionalidades diferentes: o SYNC Connect e o SYNC AppLink.
Com o SYNC AppLink é possível emparelhar aplicativos que sejam compatíveis ao sistema para então acessá-los e controlá-los através de comandos de voz ou com botões que se encontram nos controles manuais de áudio. No Brasil, o AppLink está disponível para todos os veículos que possuem SYNC sem o sistema de navegação, ou seja, do Ka SE Plus ao Focus SE Plus. “O AppLink é uma tecnologia global e teve sua implementação mundial simultânea em 2014. Estamos expandindo o número de desenvolvedores não somente no Brasil, mas também em outros países da América Latina”, conta Borges.
O SYNC Connect também é uma funcionalidade adicional da plataforma SYNC, que utiliza um app de smartphones para obter informações vitais do veículo de forma remota, como nível de combustível, travas remotas, ligar e desligar AC, etc. “Neste momento, o SYNC Connect está disponível apenas na América do Norte, lançado no Ford Escape”, comenta o supervisor.
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