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terça-feira, 25 de abril de 2017

GIGANTES DO SETOR TENTAM SE ANTECIPAR À INOVAÇÃO

Basf abriu programa de aceleração de startups; já a Monsanto se uniu à Microsoft na criação de fundo de investimentos

Monsanto, de Barros, criou fundo para startup

Já diz o ditado: é melhor prevenir do que remediar. Em qualquer setor, as startups podem ser vistas como ameaças ao sistema tradicional. No mundo do agronegócio, porém, grandes empresas têm se antecipado à inovação das iniciantes e promovido programas de incentivo a seu crescimento. 

Um bom caso é o da Monsanto. Em 2013, a empresa fez a primeira grande aquisição de uma agritech ao comprar a norte-americana Climate Corporation por US$ 1 bilhão – a proposta da startup era utilizar modelos climáticos para melhorar a produtividade dos agricultores. “Hoje, a Climate administra 36 milhões de hectares no mundo”, diz Mateus Barros, líder comercial da Climate Corporation para a América Latina. 

Em julho, a Monsanto se juntou ao fundo BR Startups, coordenado pela Microsoft Participações, para fazer apostas em startups envolvidas com agropecuária, em uma modalidade conhecida como investimento semente. O nome é uma coincidência: trata-se de uma gíria do ramo de startups para um aporte inicial em uma empresa, normalmente valendo até US$ 1 milhão. 

Além dos aportes, as duas empresas pretendem auxiliar as startups a testarem suas hipóteses e utilizarem sua rede de distribuição. Em seu primeiro edital, o fundo recebeu cerca de 80 propostas de investimento por empresas. “Ficou claro para nós que existe uma tendência forte no agritech, mas a grande maioria das empresas ainda está em estágio inicial de desenvolvimento”, avalia Barros, que supervisiona o projeto. 

Quem também está embarcando no mundo das startups é a química Basf, que lançou em agosto o Agrosmart, um programa de aceleração de agritechs na América Latina feito em parceria com a ACE, uma das principais aceleradoras do País. No programa, as startups passam por treinamento e mentoria da Basf e da ACE durante seis meses, e recebem investimento de R$ 150 mil. Além disso, a Basf oferece oportunidades de contato com produtores rurais. Para participar, as empresas iniciantes precisam resolver um desafio e já ter um protótipo de seus projetos. 

“Não adianta achar que vamos resolver tudo dentro de casa”, explica Almir Araújo, gerente de Marketing Digital da Basf, responsável pelo projeto. “Com as startups, podemos olhar além dos muros e trazer inovação para dentro.”

Para Maikon Schiessl, coordenador do comitê de Agtech da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), “as grandes empresas de agronegócio estão fazendo o que os bancos não fizeram lá atrás, com as fintechs. É uma aproximação benéfica”, diz. Segundo Schiessl, há mais por vir: três outras grandes empresas do setor também se preparam para criar fundos de investimento ou programas de aceleração nos próximos meses.

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